vive teu isolamento
vive teu isolamento
as feridas de dentro
o lixo toma o mundo
isso é tão duro
abdica ao poder
essa é a hora
é preciso amor
querer olhar para fora
dividir para socorrer
conhece a penúria
compartilha do medo
dos homens simples
sabem que a sina
qualquer dia
sem demora
espreitará da esquina
vive teu isolamento
pratica poesia
oferta ao teu corpo
luz do sol
pandemia de ficar só
para amanhã estar junto
vive teu isolamento
faz de ti instrumento
de conforto
sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

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