a chuva chora
a menina acorda
na noite de insônia
falando aos santos
das causas impossíveis
ela só pretende
saber o que diz
a voz da mente
que fala ao coração
a menina quer
aprender a simplicidade
nos livros de yoga
nos pratos frugais
já testou os pesos
conferiu as medidas
e lavou a alma
com um tanto de vinho
a menina quer
desvendar os segredos
que roubam seus sonhos
dentre a escuridão
sobre sua face
hoje a chuva chora
chora agora
mas logo sorrirá
ela ainda tem a poesia
que a poesia é o que restou
sobre sua face
hoje a chuva chora
chora agora
mas logo sorrirá
a menina cochila na sua rede
após longas horas
abraçando estrelas
a menina vertida
da inspiração
avança as horas
do novo dia
é preciso estar preparada
para a felicidade
ter as janelas abertas
a alma desvelada
canções antigas aprender cantar
dizer palavras bonitas
e esquecer os erros
ela ainda tem a poesia
que a poesia é o que restou
sobre sua face
hoje a chuva chora
chora agora
mas logo sorrirá
por ela
o universo intercederá
quebrará regras
cessará sacrifícios
sobre sua face
hoje a chuva chora
chora agora
mas logo sorrirá
sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

Nenhum comentário:
Postar um comentário