passaporte
as tantas memórias
poeiras e histórias
caras de cinema mudo
pretendem saber tudo
mas estão enganadas
desenho pegadas
nos corredores da sina
encantada na dança
já não sou mais criança
já não sou mais menina
vivo presente no nada
em meio às lembranças
versos resistentes
clamam por esperança
mas suas irmãs prematuras
morreram de amargura
como vadias largadas
eu pego estrada
lanço o futuro à sorte
carimbo meu passaporte
aprendi a ver no escuro
só tenho certeza da morte
sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

Nenhum comentário:
Postar um comentário