sirena
heróica razão
veneno letal
a um coração
deusa dos mitos
entrave às logias
a virgem mais bela
rebeldia dos rochedos
sobrevoa cadeias
tal ave insana
guardiã da ilha
dos segredos
pelos bancos de areia
ouviram o encanto
da tua cantoria
voz que suplanta
o eco dos gritos
entre os vivos
a imagem profana
habita a fantasia
sacrifício dos ritos
doçura da ambrosia
nos lábios contritos
bebedeira dos bardos
versos declamados
em saraus de poesia
ninfa dos medos
aos embarcados
que chegam ofegantes
pelos teus zelos
na rendição aos apelos
sequer desconfiam
que és a harpia
que convida
à morte aflita
e à revelia
Afrodite te deu
penas negras
o universo de pedra
fez a ti confinada
a eterna espera
e nenhum deus
ou outro Odisseu
silenciará teu canto
com ouvidos de cera
quem dera
de garganta cortada
e alma ferida
escapem com vida
aos encantos
de unhas afiadas
sacharuk