SOS verve II
SOS verve:
só uma metade já serve
eu cubro com uma cereja
hoje tudo pode
menos melacueca de pagode
ou ranço de guampa sertaneja.
oh, poeta, não se enerve
é só chamar no ferve-ferve
e a parceria já verseja
a poesia dá o bote
alcança macia a sorte
da companhia benfazeja
eu já tenho certeza
que quando penso forte
o tico fala ao norte
o teco responde ao sul
que a essa hora da noite
o céu já não é mais azul
melhor é deixar a correnteza
levar assim sem recorte
versos de alguma beleza
vindos do sul ou norte
espalhar delicadezas
por onde quer que toquem
antes que as fontes sequem
liberamos as correntezas
comprei uma cachaça forte
deixei um copinho sofre a mesa
caso a gente se entorte
declamaremos de língua presa
E mesmo dado por encerrado
não consigo me deixar de fora
estando tudo certo e nada errado
deixo meu recado agora:
mesmo com o tico e o teco avariados
ainda somos massa nos recados!
Marisa Schmidt & sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

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