sobre o poeta
num campo de abstração
perdi as galochas
e na poesia
empurrei alicerce
escorei firmamento
sou poeta eremita
de heresia ironia e lamento
mistura de pó de estrelas
com pó de cimento
urbano sem urbanidade
a recusa da natureza
desafio aos arcanos
das obviedades
trago-te a doçura
dos meus infernos
e a face obscura
dos meus intentos
sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

Nenhum comentário:
Postar um comentário