Encontro das águas
No verde descampado
vejo o rio desassossegado
nascente em seu leito
dizendo adeus às margens
No azul profundo
perde-se de seus afluentes
e segue o rumo plangente
dos acordes das águas
O fluxo cumpre os desígnios
a força se mostra na correnteza
rio e mar se encontram
nem pacíficos
nem congruentes
irremediável natureza
tão diferentes
e se pertencem desde sempre.
Rebeca Bulcão
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

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