O mago
Tatear silêncios requer talento de mago
baú de palavras seduzidas num eclipse de almas
ser ave destemida perante a tempestade das horas tristes
carece ter floridas lavas nos dedos
vastos enigmas nas trilhas da pele povoada por versos
confluente rio em busca de respostas para os calafrios
que brotam constantes no peito
misturar provérbios
unguentos
orações celtas nos olhos descampados
beber da água cristalina que o coração produz e estende
ao primeiro nômade que guarda sua voz de cânfora
sentir-se luz
mãe e filho do tempo
Dédalo peregrino acendendo tochas no vagar das horas.
Rogério Germani
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

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