memórias de clorofila
não sou mais árvore
tornei-me outono
em plena ação
agora sou estação
morte suave
do viço
debandaram pássaros
o tempo
tem minutos postiços
apaga memórias
de clorofila
despejei minha história
na costa do oceano
não guardei nada
e o vento
junta as folhas secas
num canto
da enseada
sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

Nenhum comentário:
Postar um comentário