detrás da secura dos prantos
eu quis tanto saber
entender essa cor
que irrompe solene
dos teus olhos brancos
quiçá seja nela
que escondes o amor
bem detrás
da secura dos prantos
eu quis tanto saber
desvendar-te os encantos
os que tu ocultas
tão bem no teu plexo
eu quis tanto saber
explorar-te os recantos
eu quis tanto saber
desnudar-te ao sexo
mas tu ademais
esqueceste o calor
já não queres mais
abrigar-te ao meu manto
sequer circular
entre os meus hemisférios
agora que tu
já provaste o rancor
não mais ouvirás
meu tristes lamentos
não vou mais decifrar
os teus mistérios
sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

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