Hoje parece impossível falar em João da Cunha Vargas sem citar ou pelo menos lembrar de Vitor Ramil. Isso porque Alegrete e Pelotas se uniram em forma de milonga desde o final dos anos 90, quando Ramil começou a musicar poemas de Vargas. Falando um pouco sobre os dois: Vitor, pelotense, músico, templadista, gaúcho, admirador. E, João, alegretense, poeta, peão de estância, gaúcho, vivenciador.
O músico coloca o poeta em mesmo nível do português Fernando Pessoa e do argentino Jorge Luis Borges, expondo-o a ouvidos cujos olhos ainda não o conheciam. Ramil fez a maior divulgação de Vargas, que teve apenas um livro lançado após a sua morte. O poeta se considerava xucro para livros, assumia não ter ido além do aprendizado das primeiras letras. Assim, seus versos foram forjados e guardados em sua mente durante as suas tarefas de campo. Após acabava ditando-os a familiares e outros ele mesmo declamou em gravações.
É impossível não considerar a pureza dos versos de João da Cunha Vargas quando estes não foram poluídos por contextos morais e pela intelectualização. Quem se encontra com o poeta em forma de versos encontra-se com o folclore límpido e homogêneo. Em versos que saúdam a localidade de Mariano Pinto, em Alegrete, até em passagens sobre suas crenças, João nos faz sentir o que é o ser regional, e isto já basta.
Luiz P.Milani
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