amor de milonga
quero amor refratário
que decanta milonga
e se banha no Prata
amor sem bravatas
quero amor sem a zanga
que não desfia rosário
verte livre do estuário
e descansa nas sangas
amor perdido nas matas
das cidades cinzentas
exala cheiro pitanga
assovia com os canários
ao fim da tarde
toma comigo o mate
que encurta lembranças
amor enroscado aos galhos
ao solar das esperanças
e rodopia na dança
quero amor que dá rumo
e não dá atalho
sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

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