meus tons
algo em mim tem tom lúgubre
caverna escura insalubre
para guardar os meus eus
também cintilo um tom vivo
certo calor radioativo
retido sob os meus véus
minha face é tão pálida
de melanina inválida
para clarear o meu céu
meu sentimento é tão blue
rústico ríspido e cru
matizes frios dos meus breus
e eu me dissolvo nas cores
máscaras das minhas dores
em tons que não são meus
sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

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