foi assim
quis saber
o que ocorre na mente
e deixou a semente brotar
para contemplar a expressão
cada oportunidade granjeada
e cada verdade submetida
ao crivo da razão
foram tantas tentativas
quantas possíveis
em todos os níveis
do discernimento
esgotados os argumentos
em tempo
dedicou instantes significativos
a provar do semblante aflitivo
e do grito por solução
meditação
observação
obcecado pela questão
qual nascente
das atitudes
amiúde dos pensamentos?
para onde vão
depois que passam por aqui?
teve na mira
o controle da ira
nada religioso
ou sobrenatural
era busca do gozo
pelo domínio mental
trouxe a dinâmica na guia
e o escrutínio
de raciocínios insanos
jogados em meio
aos anseios e reações
comeu dos restos
servidos aos cães
fingiu pensar
flagrou-se pensado
atolado na lama dos padrões
e das pré-concepções
mergulhou
no centro da chama
das ilusões
no intento
o cotidiano clamou socorro
perdeu o curso sereno
tudo revirado tão depressa
das soluções caducas
perdidas em hesitação
o mundo ficou cheio
e nem tentou fazer as pazes
foi apenas um sistema
esclerosado e portanto
decadente
os dentes da engrenagem
não suportaram
tantas resoluções
complexamente abstratas
procurou a vida já pronta
na despensa, nas latas
vasculhada
nas quinquilharias
nos vestígios
da origem da confusão
sacharuk
A poesia delira ao diapasão e, logo, intenta aos acordes da lira. Poesia que tanto descreve saliva de beijo, bem como a imagem do pensador com o queixo poisado nos dedos. Poesia pode andar no eixo para não ouvir queixa, mas pode andar fora e criar desavenças. Há poesia das crenças, poesia do lixo, poesia pretensa, poesia das gentes, poesia dos bichos. Ela é o amálgama do mundo, verte por tudo. É ofício dos nobres, sedução dos espertos, marofa dos pobres e sina dos vagabundos. Também vive escondida na língua dos analfabetos. Poesia é isso tudo e mais outro tanto, no entanto, poesia não é absurdo. Absurdo é querer-se mudo; absurdo é querer-se surdo; absurdo é querer-se cego. (Tudo e mais outro tanto - sacharuk)

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